quarta-feira, 14 de outubro de 2009

DILMA TERRORISTA



RECORDANDO A HISTÓRIA

ADHEMAR

"A AÇÃO GRANDE OU O ROUBO DO COFRE DO ADHEMAR"

1. A FORMAÇÃO DA VAR-P
Em meados de 1969, duas organizações de linha foquista, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e o Comando de Libertação Nacional (COLINA) debatiam-se sufocadas pelo cerco dos órgãos de segurança. Esprimidas entre os sucessos dos atos terroristas e dos assaltos a bancos e as amarguras da prisão de dezenas de seus militantes, ambas buscaram, na fusão, um modo de rearticularem-se, formando uma única organização, mais poderosa e de âmbito quase nacional.
Assim é que, em junho e em julho, em duas casas do litoral paulista, respectivamente, em Peruíbe e em Mongaguá, os dois comandos nacionais realizaram a denominada Conferência de Fusão, em cujo Informe, datado de 07 de julho, já aparecia o nome da nova organização, a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-P), que iria, também, ganhar a adesão de militantes da Dissidência do Partido Comunista Brasileiro de São Paulo (DI/SP).
Foi eleito o seguinte Comando Nacional (CN), três oriundos de cada organização: Carlos Lamarca, Antônio Roberto Espinosa e Cláudio de Souza Ribeiro, da VPR, e Juarez Guimarães de Brito, sua esposa Maria do Carmo Brito e Carlos Franklin Paixão Araújo, do COLINA.
Apesar da fusão ter sido concretizada, as discussões da conferência não foram tranqüilas, transcorrendo num clima tenso e, por vezes, tumultuado. Os "massistas" oriundos do COLINA, melhor preparados politicamente, criticavam os "militaristas" da VPR, pelo "imediatismo revolucionário" que defendiam. Ao mesmo tempo, entrando com 55 milhões de cruzeiros e um grande arsenal de armas, munições e explosivos, os oriundos da VPR sentiam-se moralmente fortalecidos, em face do nenhum dinheiro e das duas metralhadoras Thompson e quatro pistolas trazidas pelo COLINA.
Entretanto, tudo foi esquecido quando Juarez Guimarães de Brito apresentou o seu trunfo, o planejamento da " ação grande", que poderia dar, à nova VAR-P, sua independência financeira.
2. A "AÇÃO GRANDE"
Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho", era um secundarista da então Guanabara que havia participado das agitações estudantis de 1968 e, através de militantes do diminuto Núcleo Marxista Leninista (NML), havia-se ligado ao COLINA. De família rica, morava no bairro de Santa Tereza, próximo à casa de seu tio, o médico Aarão Burlamaqui, que a havia cedido para ser a residência de sua irmã - tia do "Bicho", Anna Gimel Benchimol Capriglione, tida como sendo a "amante do Adhemar", ex-Governador de São Paulo. Ao ouvir que no cofre do casarão de sua tia, que morava na Rua Bernardino dos Santos, havia milhões de dólares,levou esse dado à organização.
No início de maio de 1969, "Bicho" recebeu de Juarez Guimarães de Brito a incumbência de realizar levantamentos mais acurados, com croquis e tudo, para um futuro assalto. Descobriu, então, que não havia só um, mas dois cofres, o segundo num escritório em Copacabana. Descobriu, também, que neles deveria haver de 2 a 4 milhões de dólares, além de documentos que poderiam incriminar, por corrupção, o ex-Governador Adhemar de Barros.
Juarez vislumbrou a " ação grande": num assalto simultâneo, arrecadaria recursos financeiros nunca antes conseguidos por uma organização e, com os documentos, poderiadesmoralizar um dos articuladores da Revolução de 1964.
Necessitando de mais dinheiro para o roubo dos cofres, Juarez decidiu executar o que denominou de "ação retificadora", chefiando, em 11 de julho, o assalto à agência Muda do Banco Aliança, com os seguintes sete militantes da VAR-P: Darcy Rodrigues, Chael Charles Schreier, Adilson Ferreira da Silva, Fernando Borges de Paula Ferreira, Flavio Roberto de Souza, Reinaldo José de Melo e Sonia Eliane Lafoz. O assalto não proporcionou o resultado esperado: além de só terem conseguido 17 milhões de cruzeiros, foram perseguidos pela polícia, quando Darcy Rodrigues assassinou o motorista de táxi Cidelino Palmeira do Nascimento, causando "reflexos políticos negativos" para a nascente organização.
Por outro lado, o assalto ao cofre de Copacabana necessitava um tempo maior de planejamento, o que a "revolução" não poderia conceder. Decidiu, então, roubar o de Santa Tereza.
Na tarde de 18 de julho de 1969, os seguintes treze militantes da VAR-P, comandados por Juarez Guimarães de Brito ("Juvenal", "Júlio"), invadiram o casarão de Anna Capriglione, disfarçados de policiais à cata de "documentos subversivos": Wellington Moreira Diniz ("Lira", "Justino", "Mario", "Lampião", "Virgulino"), José Araújo de Nóbrega ("Alberto", "Monteiro", "Zé", "Pepino"), Jesus Paredes Sotto ("Mário", "Reis", "Lu", "Roque", "Tião", "Elmo"), João Marques de Aguiar ("Braga", "Jeremias", "Topo Gigio"), João Domingos da Silva ("Elias", "Ernesto"), Flávio Roberto de Souza ("Marques", "Mário", "Juarez", "Ernesto", "Gustavo"), Carlos Minc Baumfeld ("Orlando", "José", "Jair"), Darcy Rodrigues ("Sílvio", "Léo", "Batista", "Souza"), Sônia Eliane Lafoz ("Bonnie", "Mariana", "Clarice", "Paula", "Rita", "Olga"), Reinaldo José de Melo ("Rafael", "Maurício", "Otávio", "Douglas"), Paulo Cesar de Azevedo Ribeiro ("Ronaldo", "Hilton", "Comprido", "Glauco", "Ivo", "José", "Luiz", "Osvaldo", "Pedro", "Rui") e Tânia Manganelli ("Simone", "Glória", "Marcia", "Patrícia", "Sandra", "Vera").
Após confinarem os presentes a uma dependência do térreo da casa, um grupo subiu ao 2º andar e levou, através de cordas lançadas pela janela, o cofre de 200 Kg, colocado numa Rural Willys. Em menos de 30 minutos, consumava-se o maior assalto da subversão no Brasil.
Levado para um "aparelho" localizado próximo ao Largo da Taquara, em Jacarepaguá, o cofre foi arrombado com maçarico e com o cuidado de, antes, ser enchido de água através da fechadura, para evitar que o dinheiro se queimasse. Aberto, "os militantes puderam ver, maravilhados, milhares de cédulas verdes boiando". Penduraram as notas em fios de nylon estendidos por toda a casa e secaram-nas com ventiladores. Ao final, 2.800.064,00 dólares atestavam o sucesso da " ação grande".
Entretanto, entre os documentos encontrados só havia cartas e papéis pessoais, nada que pudesse incriminar Adhemar de Barros, além das inevitáveis especulações sobre as origens da fabulosa quantidade de dólares.
3. O DESTINO DO BUTIM
O destino dado ao dinheiro nunca foi devidamente esclarecido, perdido nos obscuros meandros da cobiça humana sobrepondo-se à ideologia.
Juarez e Wellington Moreira Diniz deixaram todo o dinheiro no "aparelho" da Rua Oricá, 768, em Braz de Pina, sob a guarda de Luiz Carlos Rezende Rodrigues ("Chico", "Negão") e Edson Lourival Reis Menezes ("Miranda", "Sérgio", "Wander", "Emílio", "Gilson"). Dias depois, Juarez foi buscar o dinheiro e determinou que essas duas "testemunhas" viajassem para a Argélia: Luiz Carlos embarcou em 12 de agosto, a fim de comprar armas, e Edson, via Argélia, foi fazer um curso de guerrilha em Cuba. Cinco meses depois, já no início de 1970, de volta ao Brasil, Luiz Carlos pediu para o militante Jorge Frederico Stein levar a quantia de 220 milhões de cruzeiros do Rio Grande do Sul para a Guanabara, em duas viagens.
Cerca de 300 mil dólares foram colocados em circulação e sabe-se que muitos militantes receberam, cada um, 800 dólares para emergências e que os dirigentes passaram a viver sem dificuldades financeiras. Inês Etienne Romeu ("Alda", "Isabel", "Leda", "Nadia", "Olga", "Tania") recebeu 300 mil. Cerca de 1,2 milhão foi distribuído pelas regionais, para a aquisição de armas, "aparelhos" e carros, além da implementação das possíveis áreas de treinamento de guerrilhas. No final de setembro, Maria do Carmo Brito ("Lia", "Madalena", "Madá", "Sara") entregou ao Embaixador da Argélia no Brasil, Hafif Keramane, a quantia de 1 milhão de dólares. Em contas secretas da Suíça - depois transferidas para a França, foram depositados 250 mil dólares, dos quais 120 mil foram divididos, em 1974, pelos grupos remanescentes da VAR-P e 130 mil foram abocanhados por Lalemant, um francês intelectual de esquerda, editor e dono da livraria Marterout, em Paris.
Quanto ao Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho", seu destino foi mais claro, se não trágico, do que o dos dólares que ajudou a roubar. Logo após o assalto, passou para a clandestinidade, escondendo-se com Herbert Eustáquio de Carvalho, o "Daniel". Depois, fugiu para o Rio Grande do Sul, onde usou os codinomes de "Luiz" e "Flávio". Preso no final de março de 1970, foi banido para o Chile em 13 de janeiro de 1971, em troca da vida do embaixador suíço. Depois de passar longos anos de dificuldades financeiras na França, retornou ao Brasil com a anistia, em novembro de 1979. Movido por "conflitos existenciais", suicidou-se em 22 de setembro de 1985, atirando-se de um edifício em Copacabana.
Com dólares, armas e militantes preparados, a VAR-P nascia grande e prometia tornar-se a maior das organizações subversivas brasileiras. Os conflitos ideológicos entre seus integrantes, originados de uma fusão que nunca desceu da cúpula dirigente às bases, acabariam por dividi-la e enfraquecê-la, facilitando a sua posterior destruição.

F. Dumont

TERRORISMO NUNCA MAIS

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DILMA BANDIDA


RECORDANDO A HISTÓRIA

ADHEMAR

"A AÇÃO GRANDE OU O ROUBO DO COFRE DO ADHEMAR"

1. A FORMAÇÃO DA VAR-P
Em meados de 1969, duas organizações de linha foquista, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e o Comando de Libertação Nacional (COLINA) debatiam-se sufocadas pelo cerco dos órgãos de segurança. Esprimidas entre os sucessos dos atos terroristas e dos assaltos a bancos e as amarguras da prisão de dezenas de seus militantes, ambas buscaram, na fusão, um modo de rearticularem-se, formando uma única organização, mais poderosa e de âmbito quase nacional.
Assim é que, em junho e em julho, em duas casas do litoral paulista, respectivamente, em Peruíbe e em Mongaguá, os dois comandos nacionais realizaram a denominada Conferência de Fusão, em cujo Informe, datado de 07 de julho, já aparecia o nome da nova organização, a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-P), que iria, também, ganhar a adesão de militantes da Dissidência do Partido Comunista Brasileiro de São Paulo (DI/SP).
Foi eleito o seguinte Comando Nacional (CN), três oriundos de cada organização: Carlos Lamarca, Antônio Roberto Espinosa e Cláudio de Souza Ribeiro, da VPR, e Juarez Guimarães de Brito, sua esposa Maria do Carmo Brito e Carlos Franklin Paixão Araújo, do COLINA.
Apesar da fusão ter sido concretizada, as discussões da conferência não foram tranqüilas, transcorrendo num clima tenso e, por vezes, tumultuado. Os "massistas" oriundos do COLINA, melhor preparados politicamente, criticavam os "militaristas" da VPR, pelo "imediatismo revolucionário" que defendiam. Ao mesmo tempo, entrando com 55 milhões de cruzeiros e um grande arsenal de armas, munições e explosivos, os oriundos da VPR sentiam-se moralmente fortalecidos, em face do nenhum dinheiro e das duas metralhadoras Thompson e quatro pistolas trazidas pelo COLINA.
Entretanto, tudo foi esquecido quando Juarez Guimarães de Brito apresentou o seu trunfo, o planejamento da " ação grande", que poderia dar, à nova VAR-P, sua independência financeira.
2. A "AÇÃO GRANDE"
Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho", era um secundarista da então Guanabara que havia participado das agitações estudantis de 1968 e, através de militantes do diminuto Núcleo Marxista Leninista (NML), havia-se ligado ao COLINA. De família rica, morava no bairro de Santa Tereza, próximo à casa de seu tio, o médico Aarão Burlamaqui, que a havia cedido para ser a residência de sua irmã - tia do "Bicho", Anna Gimel Benchimol Capriglione, tida como sendo a "amante do Adhemar", ex-Governador de São Paulo. Ao ouvir que no cofre do casarão de sua tia, que morava na Rua Bernardino dos Santos, havia milhões de dólares,levou esse dado à organização.
No início de maio de 1969, "Bicho" recebeu de Juarez Guimarães de Brito a incumbência de realizar levantamentos mais acurados, com croquis e tudo, para um futuro assalto. Descobriu, então, que não havia só um, mas dois cofres, o segundo num escritório em Copacabana. Descobriu, também, que neles deveria haver de 2 a 4 milhões de dólares, além de documentos que poderiam incriminar, por corrupção, o ex-Governador Adhemar de Barros.
Juarez vislumbrou a " ação grande": num assalto simultâneo, arrecadaria recursos financeiros nunca antes conseguidos por uma organização e, com os documentos, poderiadesmoralizar um dos articuladores da Revolução de 1964.
Necessitando de mais dinheiro para o roubo dos cofres, Juarez decidiu executar o que denominou de "ação retificadora", chefiando, em 11 de julho, o assalto à agência Muda do Banco Aliança, com os seguintes sete militantes da VAR-P: Darcy Rodrigues, Chael Charles Schreier, Adilson Ferreira da Silva, Fernando Borges de Paula Ferreira, Flavio Roberto de Souza, Reinaldo José de Melo e Sonia Eliane Lafoz. O assalto não proporcionou o resultado esperado: além de só terem conseguido 17 milhões de cruzeiros, foram perseguidos pela polícia, quando Darcy Rodrigues assassinou o motorista de táxi Cidelino Palmeira do Nascimento, causando "reflexos políticos negativos" para a nascente organização.
Por outro lado, o assalto ao cofre de Copacabana necessitava um tempo maior de planejamento, o que a "revolução" não poderia conceder. Decidiu, então, roubar o de Santa Tereza.
Na tarde de 18 de julho de 1969, os seguintes treze militantes da VAR-P, comandados por Juarez Guimarães de Brito ("Juvenal", "Júlio"), invadiram o casarão de Anna Capriglione, disfarçados de policiais à cata de "documentos subversivos": Wellington Moreira Diniz ("Lira", "Justino", "Mario", "Lampião", "Virgulino"), José Araújo de Nóbrega ("Alberto", "Monteiro", "Zé", "Pepino"), Jesus Paredes Sotto ("Mário", "Reis", "Lu", "Roque", "Tião", "Elmo"), João Marques de Aguiar ("Braga", "Jeremias", "Topo Gigio"), João Domingos da Silva ("Elias", "Ernesto"), Flávio Roberto de Souza ("Marques", "Mário", "Juarez", "Ernesto", "Gustavo"), Carlos Minc Baumfeld ("Orlando", "José", "Jair"), Darcy Rodrigues ("Sílvio", "Léo", "Batista", "Souza"), Sônia Eliane Lafoz ("Bonnie", "Mariana", "Clarice", "Paula", "Rita", "Olga"), Reinaldo José de Melo ("Rafael", "Maurício", "Otávio", "Douglas"), Paulo Cesar de Azevedo Ribeiro ("Ronaldo", "Hilton", "Comprido", "Glauco", "Ivo", "José", "Luiz", "Osvaldo", "Pedro", "Rui") e Tânia Manganelli ("Simone", "Glória", "Marcia", "Patrícia", "Sandra", "Vera").
Após confinarem os presentes a uma dependência do térreo da casa, um grupo subiu ao 2º andar e levou, através de cordas lançadas pela janela, o cofre de 200 Kg, colocado numa Rural Willys. Em menos de 30 minutos, consumava-se o maior assalto da subversão no Brasil.
Levado para um "aparelho" localizado próximo ao Largo da Taquara, em Jacarepaguá, o cofre foi arrombado com maçarico e com o cuidado de, antes, ser enchido de água através da fechadura, para evitar que o dinheiro se queimasse. Aberto, "os militantes puderam ver, maravilhados, milhares de cédulas verdes boiando". Penduraram as notas em fios de nylon estendidos por toda a casa e secaram-nas com ventiladores. Ao final, 2.800.064,00 dólares atestavam o sucesso da " ação grande".
Entretanto, entre os documentos encontrados só havia cartas e papéis pessoais, nada que pudesse incriminar Adhemar de Barros, além das inevitáveis especulações sobre as origens da fabulosa quantidade de dólares.
3. O DESTINO DO BUTIM
O destino dado ao dinheiro nunca foi devidamente esclarecido, perdido nos obscuros meandros da cobiça humana sobrepondo-se à ideologia.
Juarez e Wellington Moreira Diniz deixaram todo o dinheiro no "aparelho" da Rua Oricá, 768, em Braz de Pina, sob a guarda de Luiz Carlos Rezende Rodrigues ("Chico", "Negão") e Edson Lourival Reis Menezes ("Miranda", "Sérgio", "Wander", "Emílio", "Gilson"). Dias depois, Juarez foi buscar o dinheiro e determinou que essas duas "testemunhas" viajassem para a Argélia: Luiz Carlos embarcou em 12 de agosto, a fim de comprar armas, e Edson, via Argélia, foi fazer um curso de guerrilha em Cuba. Cinco meses depois, já no início de 1970, de volta ao Brasil, Luiz Carlos pediu para o militante Jorge Frederico Stein levar a quantia de 220 milhões de cruzeiros do Rio Grande do Sul para a Guanabara, em duas viagens.
Cerca de 300 mil dólares foram colocados em circulação e sabe-se que muitos militantes receberam, cada um, 800 dólares para emergências e que os dirigentes passaram a viver sem dificuldades financeiras. Inês Etienne Romeu ("Alda", "Isabel", "Leda", "Nadia", "Olga", "Tania") recebeu 300 mil. Cerca de 1,2 milhão foi distribuído pelas regionais, para a aquisição de armas, "aparelhos" e carros, além da implementação das possíveis áreas de treinamento de guerrilhas. No final de setembro, Maria do Carmo Brito ("Lia", "Madalena", "Madá", "Sara") entregou ao Embaixador da Argélia no Brasil, Hafif Keramane, a quantia de 1 milhão de dólares. Em contas secretas da Suíça - depois transferidas para a França, foram depositados 250 mil dólares, dos quais 120 mil foram divididos, em 1974, pelos grupos remanescentes da VAR-P e 130 mil foram abocanhados por Lalemant, um francês intelectual de esquerda, editor e dono da livraria Marterout, em Paris.
Quanto ao Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho", seu destino foi mais claro, se não trágico, do que o dos dólares que ajudou a roubar. Logo após o assalto, passou para a clandestinidade, escondendo-se com Herbert Eustáquio de Carvalho, o "Daniel". Depois, fugiu para o Rio Grande do Sul, onde usou os codinomes de "Luiz" e "Flávio". Preso no final de março de 1970, foi banido para o Chile em 13 de janeiro de 1971, em troca da vida do embaixador suíço. Depois de passar longos anos de dificuldades financeiras na França, retornou ao Brasil com a anistia, em novembro de 1979. Movido por "conflitos existenciais", suicidou-se em 22 de setembro de 1985, atirando-se de um edifício em Copacabana.
Com dólares, armas e militantes preparados, a VAR-P nascia grande e prometia tornar-se a maior das organizações subversivas brasileiras. Os conflitos ideológicos entre seus integrantes, originados de uma fusão que nunca desceu da cúpula dirigente às bases, acabariam por dividi-la e enfraquecê-la, facilitando a sua posterior destruição.

F. Dumont

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O ATENTADO DE GUARARAPES




O ATENTADO DE GUARARAPES

Em 1966, dois anos depois da Revolução Democrática de 31 de Março, a Nação brasileira empenhava-se em reerguer o País, após o caos dos primeiros anos da década de 60.

Entretanto, uma pequena minoria inconformada, constituída pelos comunistas e pelos corruptos que haviam sido alijados da vida política nacional, procurava reorganizar-se e, de qualquer maneira, expressar seu descontentamento.

Recife, a capital pernambucana, foi a escolhida para ser o cenário inicial de uma nova forma de luta - o terrorismo - que, por muitos anos, viria a ensangüentar e a enlutar a sociedade brasileira.

O 31 de Março de 1966 amanhecia com sol. O povo pernambucano e as autoridades já estavam reunidos no Parque 13 de Maio, aguardando o início das comemorações do segundo ano da Revolução.

Nesse momento, exatamente às 0847h, ocorria violenta explosão no 6º andar do edifício dos Correios e Telégrafos, onde funcionavam os escritórios regionais do SNI e da Agência Nacional.

Ao mesmo tempo, uma segunda explosão atingia a residência do Comandante do IV Exército.

Mais tarde, seria encontrada uma terceira bomba, falhada, num vaso de flores da Câmara Municipal de Recife, onde havia sido realizada uma sessão solene em comemoração à Revolução Democrática.

Três bombas montadas para, num só momento, atingir personalidades e entidades representativas do governo brasileiro. Iniciava-se a guerra suja.

Entretanto, a bomba falhada no legislativo municipal deveria estar incomodando os terroristas e estar sendo vista como um parcial fracasso de execução.

Assim é que, em 20 de Maio de 1966, 50 dias após esse ensaio geral, foram lançadas outras três bombas - dois "coquetéis molotov" e um petardo de dinamite, contra os portões da Assembléia Legislativa de Pernambuco.

A Nação, estarrecida, vislumbrava tempos difíceis que estavam por vir.

Em 25 de Julho de 1966, uma nova (terceira) série de três bombas, com as mesmas características das anteriores, sacode Recife. Uma, na sede da União de Estudantes de Pernambuco, ferindo, com escoriações e queimaduras no rosto e nas mãos, o senhor José Leite, de 72 anos, vítima inocente que passava pelo local. Outra, nos escritórios do Serviço de Informações dos Estados Unidos (USIS), causando, apenas, danos materiais. A terceira bomba, entretanto, acarretando vítimas fatais, passou a ser o marco balizador do início da luta terrorista no Brasil.

Nessa manhã de 25 de julho de 1966, o Marechal Costa e Silva, então candidato à Presidência da República, era esperado por cerca de 300 pessoas que lotavam o Aeroporto Internacional dos Guararapes.

Às 0830h, poucos minutos antes da previsão de chegada do Marechal, o serviço de som anunciou que, em virtude de pane no avião, ele estava deslocando-se por via terrestre de João Pessoa até Recife e iria, diretamente, para o prédio da SUDENE.

Esse comunicado provocou o início da retirada do público.

O guarda-civil Sebastião Tomaz de Aquino, o "Paraíba", outrora popular jogador de futebol do Santa Cruz, percebeu uma maleta escura abandonada junto à livraria "SODILER", localizada no saguão do aeroporto. Julgando que alguém a havia esquecido, pegou-a para entregá-la no balcão do DAC.

Ocorreu uma forte explosão.

O som ampliado pelo recinto, a fumaça, os estragos produzidos e os gemidos dos feridos provocaram o pânico e a correria do público. Passados os primeiros momentos de pavor, o ato terrorista mostrou um trágico saldo de 17 vítimas.

Morreram o jornalista e secretário do governo de Pernambuco Edson Regis de Carvalho, casado e pai de cinco filhos, com um rombo no abdômen, e o vice-almirante reformado Nelson Gomes Fernandes, com o crânio esfacelado, deixando viúva e dois filhos menores.

O guarda-civil "Paraíba" feriu-se no rosto e nas pernas, o que resultou, alguns meses mais tarde, na amputação de sua perna direita.

O então Tenente-Coronel do Exército, Sylvio Ferreira da Silva, sofreu fratura exposta do ombro esquerdo e amputação traumática de quatro dedos da mão esquerda.

Ficaram, ainda, feridos os advogados Haroldo Collares da Cunha Barreto e Antonio Pedro Morais da Cunha, os funcionários públicos Fernando Ferreira Raposo e Ivancir de Castro, os estudantes José Oliveira Silvestre, Amaro Duarte Dias e Laerte Lafaiete, a professora Anita Ferreira de Carvalho, a comerciária Idalina Maia, o guarda-civil José Severino Pessoa Barreto, o Deputado Federal Luiz de Magalhães Melo e Eunice Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de apenas seis anos de idade.

O acaso, transferindo o local de chegada do futuro Presidente, impediu que a tragédia fosse maior.

O terrorismo indiscriminado, atingindo pessoas inocentes e, até, mulheres e crianças, mostrou a frieza e o fanatismo de seus executores. Naquela época, no Recife, apenas uma organização subversiva, o Partido Comunista Revolucionário (PCR), defendia a luta armada como forma de tomada do poder. Dois comunistas foram acusados de envolvimento no ato terrorista: um, Edinaldo Miranda de Oliveira, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e que, em 1986, era professor de Engenharia Elétrica em Recife, e o outro era Ricardo Zaratini Filho, então militante do PCR e atual assessor parlamentar da liderança do PDT na Câmara Federal.

Entretanto, nunca foi possível determinar, exatamente, os autores dos atentados. Não havia, ainda, no País, órgãos de segurança especializados no combate ao terror.

Em 18 Mai 99, em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo, o Comandante do Exército, Gen Ex Gleuber Vieira, declarou a respeito da reabertura do caso Riocentro: "Nós nunca pensamos em pedir reabertura de inquérito envolvendo personalidades da vida nacional de hoje que, no passado, estiveram envolvidos em assalto a bancos, seqüestros, assassinatos e em atos de terrorismo. Nós não cogitamos pedir a reabertura do inquérito nem mesmo quando uma dessas personalidades declarou que sabia quem tinha posto uma bomba no aeroporto do Recife."

Um ano depois do atentado, em 25 Jul 67, foi inaugurada no Aeroporto uma placa de bronze com os seguintes dizeres:

"HOMENAGEM DA CIDADE DO RECIFE AOS QUE TOMBARAM NESTE AEROPORTO DOS GUARARAPES, NO DIA 25 DE JULHO DE 1966, VITIMADOS PELA INSENSATEZ DOS SEUS SEMELHANTES.
- ALMIRANTE NELSON FERNANDES
- JORNALISTA EDSON REGIS
GLORIFICADOS PELO SACRIFÍCIO, SEUS NOMES SERÃO SEMPRE LEMBRADOS RECORDANDO AOS PÓSTEROS O VIOLENTO E TRÁGICO ATENTADO TERRORISTA, PRATICADO À SORRELFA PELOS INIMIGOS DA PÁTRIA."

Não sabemos se essa placa ainda permanece no aeroporto ou foi retirada ou, mesmo, substituída por homenagens aos comunistas.

Hoje, os terroristas daquela época, arvorando-se em "heróis" libertários, afirmam que o que fizeram foi uma reação à "violência" do Governo brasileiro. Intencionalmente, procuram deturpar a História e levar ao esquecimento as vítimas que causaram em sua sanha fratricida, dentre elas, as de 1966.

Passaram-se muitos anos.

Mas as bombas de Recife e o atentado de Guararapes não serão esquecidos.

Eis as fotos do terror.

F.DUMONT

TERRORISMO NUNCA MAIS!

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RECORDANDO A HISTÓRIA



RECORDANDO A HISTÓRIA
OS INCRÍVEIS EXÉRCITOS DE BRIZOLEONE
3. O PACTO DE MONTEVIDÉU E A FRENTE POPULAR DE LIBERTAÇÃO (FPL)

Nos últimos meses de 1964, aumentara a revoada de comunistas brasileiros para o Uruguai, ansiosos em estabelecer alianças com os grupos de asilados políticos os quais, já se dizia, estavam com os "dólares de Cuba". Foi por esse "singelo" motivo que os grupos sindical e militar, acrescidos dos comunistas de "carteirinha", isto é, militantes de organizações subversivas, aceitaram ser tutelados por Brizola.

A primeira tentativa de unificação dos grupos existentes concretizou-se em janeiro de 1965, com a criação do "Pacto de Montevidéu", assinado por Leonel Brizola, Max da Costa Santos, José Guimarães Neiva Moreira, Darcy Ribeiro e Paulo Schilling, além de representantes da Ação Popular (AP), com Aldo Arantes, do Partido Comunista Brasileiro (PCB), com Hércules Correia dos Reis, do Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT), com Cláudio Antônio Vasconcelos Cavalcanti, e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Constituindo-se em uma frente "revolucionária", definiram a insurreição como a forma de luta para a tomada do poder, sem deixar de contar com a participação da parcela da burguesia nacional "prejudicada pelos interesses imperialistas". As massas participariam da luta através da constituição de comitês de empresas, de comitês rurais e de grupos de ação - os "Grupos dos 5". Brizola, agora mais modesto, trocava o futebol de campo pelo de salão.

Denominada de Frente Popular de Libertação (FPL), a expressão organizada do Pacto de Montevidéu afirmava que os "atos de guerra", definidos como "atos de sabotagem urbana" e "focos de guerrilha no campo", deveriam multiplicar-se por todo o território brasileiro, sem prejudicar a parcela da população não comprometida. Os inocentes deveriam ser ganhos pela insurreição e serem aproveitados como força de pressão e massa de manobra.

O Pacto previa, também, a formação de um Comando Nacional (CN) da FPL, através da evolução das estruturas de comando dos grupos de ação e dos comitês de empresas e dos rurais. Enquanto o CN não fosse constituído, um Comitê de Coordenação, sediado em Montevidéu e integrado pelos signatários do Pacto, decidiria sobre a participação da FPL em manifestações de caráter político.

A primeira tentativa de sabotagem idealizada pela FPL ocorreu em fevereiro de 1965.

Ao fazer um tratamento psiquiátrico em Montevidéu, um ex-soldado do 13º Regimento de Cavalaria, conhecido por Ponciano e que trabalhava com explosivos numa firma de Jaguarão, foi recrutado por membros da FPL. Prometeram-lhe 1 milhão de cruzeiros para levar 20 caixas de dinamite para o Uruguai e uma gratificação extra se conseguisse explodir um bueiro na BR-2, em Capão Reiúno, próximo a Jaguarão, interditando a estrada.

Ponciano chegou a roubar 32 bananas de dinamite. Entretanto, não conseguiu entregá-las, a explosão não destruíu o bueiro, a BR-2 não foi interditada e o desequilibrado Ponciano, preso, confessou suas ligações com o grupo de asilados.

Começava, de forma melancólica, a insurreição da FPL. A inescrupulosa utilização de um débil mental mostrou que, para atingir seus objetivos, tudo era válido para os exércitos de Brizoleone.

F. Dumont

GRUPO TERRORISMO NUNCA MAIS

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TERRORISMO NUNCA MAIS.

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COMUNISMO ASSASSINO






RECORDANDO A HISTÓRIA
OS INCRÍVEIS EXÉRCITOS DE BRIZOLEONE (em 6 capítulos)
1. OS GRUPOS DOS ONZE E O EXÉRCITO POPULAR DE LIBERTAÇÃO

Em outubro de 1963, Leonel de Moura Brizola, então Governador do Rio Grande do Sul, considerava que o Brasil estava vivendo momentos decisivos e que, rapidamente, se aproximava o desfecho que poderia colocar o País numa nova linha política. Nesse momento, raciocinava o caudilho gaúcho, ele queria estar na crista da onda esquerdista que varreria o País.

Sucessivamente, em 19 e 25 de outubro, Brizola fez inflamados pronunciamentos à Nação, através dos microfones de uma cadeia de estações de rádio liderada pela Mairink Veiga, que detinha, na época, o maior percentual de ouvintes das classes média e baixa. Nesses pronunciamentos, eivados, como sempre, de metáforas e redundâncias, conclamou o povo a organizar-se em grupos que, unidos, iriam formar o "Exército Popular de Libertação" (EPL). Com sua habitual e singular loquacidade, comparou esses grupos com equipes de futebol e os 11 "jogadores" seriam os "tijolos" para "construir o nosso edifício".

Estavam lançados os "Grupos dos Onze" (G-11) que, para Brizola, constituir-se-iam nos núcleos de seu futuro exército particular, o EPL.

Os documentos posteriormente encontrados em seus arquivos pessoais revelaram os planos para a formação dos G-11 e do EPL, escritos numa linguagem incisiva mas primária, dramática mas demagógica.

O documento mais hilariante, se não fosse macabro, era o das "Instruções Secretas", assinadas por um "Comando Supremo de Libertação Nacional". Ele iniciava-se por um "Preâmbulo Ultra-Secreto", no qual a morte incidiria sobre aqueles que revelassem os segredos dos G-11:

"Após tomar conhecimento, só a morte libertará o responsável pelo compromisso de honra assumido com o Comando Supremo de Libertação Nacional ... 0 compromisso de resguardo deverá ser um tanto solene, para impressionar o companheiro, devendo, antes, verificar as idéias desse Soldado dos G-11, a fim de que seja selecionado, ao máximo, os autênticos e verdadeiros revolucionários, os destemerosos da própria morte..."

Os G-11 seriam a "vanguarda avançada do Movimento Revolucionário", a exemplo da "Guarda Vermelha da Revolução Socialista de 1917 na União Soviética".

Defendendo a tese de que "os fins justificam os meios", fazia veladas ameaças sobre futuros atos dos G-11:

"Em conseqüência, não nos poderemos deter na procura de justificativas acadêmicas para atos que possam vir a ser considerados, pela reação e pelos companheiros sentimentalistas, agressivos demais ou, até mesmo, injustificados".

Os integrantes dos G-11 deveriam considerar-se em "Revolução Permanente e Ostensiva" e seus ensinamentos deveriam ser colhidos nas "Revoluções Populares", nas "Frentes de Libertação Nacional" e no "folheto cubano" sobre a técnica de guerrilha (nessa época, os "folhetos cubanos" sobre a técnica de guerrilhas eram disseminados, no País, pelos denominados Movimentos de Educação Popular).

Admitiam, essas "Instruções Secretas", que a época era propícia à atuação dos G-11:

"Devemos nos lembrar que, hoje, temos tudo a nosso favor, inclusive, o beneplácito do Governo e a complacência de poderosos setores civis e militares, acovardados e temerosos de perder seus atuais e ignominiosos privilégios".

Instruíam os G-11 sobre a aquisição de armas, recomendando "não se esquecer dos preciosos coquetéis molotov e outros tipos de bombas incendiárias".

Alertavam, também, que:

"A escassez inicial de armas poderosas e verdadeiramente militares será suprida pelos aliados militares que possuímos em todas as Forças Armadas..."

As "Instruções Secretas" estabeleciam o esquema para o início do movimento insurrecional:

"... os camponeses, dirigidos por nossos companheiros, virão destruindo e queimando as plantações, engenhos, celeiros, depósitos de cereais e armazéns gerais... A agitação será nossa aliada primordial e deveremos iniciá-la nos veículos coletivos, à hora de maior movimento, nas ruas e avenidas de aglomeração de pedestres, próximo às casas de armas e munições e nos bairros eminentemente populares e operários. Desses pontos e à sombra da massa humana, deverão convergir os G-11 especializados em destruição e assaltos, já comandando os companheiros e com outros se ajuntando pelas ruas e avenidas, para o centro da cidade, vila ou distrito, de acordo com a importância da localidade, depredando os estabelecimentos comerciais e industriais, saqueando e incendiando, com os molotovs e outros materiais inflamáveis, os edifícios públicos e os de empresas particulares. Ataques simultâneos serão desfechados contra as centrais telefônicas, rádio-emissoras e, onde houver, de TV, casas de armas, pequenos Quartéis Militares ..."

Ciente de que a revolução vinha sendo conduzida pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), através da chamada "via pacífica", Brizola reservou um item de suas "Instruções Secretas" para tratar do "Aliado Comunista":

"Devemos, ..., ter sempre presente que o comunista é nosso principal aliado mas, embora alardeie o Partido Comunista ter forças para fazer a Revolução Libertadora, o PCB nada mais é que um Movimento dividido em várias frentes internas em luta aberta entre si pelo poder absoluto e pela vitória de uma das facções em que se fragmentou".

E prosseguiam, as Instruções, nos seus ataques ao PCB:

"São fracos e aburguesados esses camaradas chefiados pelos que vêem, em Moscou, o único Sol que poderá guiar o proletariado mundial à libertação Internacional".

Ao mesmo tempo, Brizola apontava o radical Partido Comunista do Brasil (PCdoB) como um possível aliado:

"Existe uma ala mais poderosa que, dia a dia, está se elevando no conceito do proletariado marxista, seguidora dos ideais de Mao Tse Tung, de Stalin, e que são, em última análise, os de Marx e Engels. É nessa ala, hoje muito mais poderosa que a de Moscou, que iremos buscar a fonte de potencialidade material e militar para a luta de Libertação Nacional".

Mas, o tragicômico das "Instruções Secretas" aparecia, com espantosa nitidez, no item sobre a "Guarda e Julgamento dos Prisioneiros":

"Para essa tarefa de suma importância, deverão ser escolhidos companheiros de condição humilde mas, entretanto, de férreas e arraigadas condições de ódio aos poderosos e aos ricos, a fim de que não discutam ordens severas que poderão ser conhecidas no momento da luta de Libertação. Estes grupos dos Onze companheiros terão, como finalidade primordial, deter, em todo o seu raio de ação, municípios, vilas, distritos e povoados, todas as autoridades públicas, tais como Juízes de Direito, Prefeitos, Delegados de Polícia, Vereadores, Presidente da Câmara, Políticos influentes e outras personalidades que por acaso estejam dentro de sua esfera de atribuição e limites de ação, recolhendo-os a locais apropriados, preferentemente no meio do mato, sob guarda armada e permanente. No caso de derrota do nosso Movimento, o que é improvável, mas não impossível, dado a certas características da situação nacional, e temos que ser verdadeiros em todos os nossos contatos com os Comandos Regionais e esta é uma informação para uso somente de alguns companheiros de absoluta e máxima confiança, os reféns deverão ser sumária e imediatamente fuzilados, a fim de que não denunciem seus aprisionadores e não lutem, posteriormente, para sua condenação e destruição".

No início de 1964, Brizola lançou seu próprio semanário, "O Panfleto", que veio se integrar à campanha agitativa já desenvolvida pela cadeia da Rádio Mairink Veiga.

Em seus sonhos quixotescos, distribuiu diversos outros documentos para a organização dos G-11, tais como as "Precauções", os "Deveres dos Membros", os "Deveres dos Dirigentes", um "Código de Segurança" e fichas de inscrição para seus integrantes.

Chegou a organizar 5.304 grupos, num total de 58.344 pessoas, distribuídas, particularmente, pelos Estados do Rio Grande do Sul, Guanabara, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

Para Brizola, a revolução estava madura, pronta para ser desencadeada.

Havia um líder, ele mesmo.

Havia as idéias, seus próprios sonhos de poder.

Só faltava algum simples episódio que inflamasse o povo e que fizesse proliferar os Grupos dos Onze, provocando o surgimento de seu "Exército Popular de Libertação", na verdade, um pequeno-louco exército de Brizoleone.

F. Dumont


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TERRORISMO NUNCA MAIS.

MEMÓRIAS NÃO REVELADAS PELO LULA








RECORDANDO A HISTÓRIA

ADHEMAR

"A AÇÃO GRANDE OU O ROUBO DO COFRE DO ADHEMAR"

1. A FORMAÇÃO DA VAR-P
Em meados de 1969, duas organizações de linha foquista, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e o Comando de Libertação Nacional (COLINA) debatiam-se sufocadas pelo cerco dos órgãos de segurança. Esprimidas entre os sucessos dos atos terroristas e dos assaltos a bancos e as amarguras da prisão de dezenas de seus militantes, ambas buscaram, na fusão, um modo de rearticularem-se, formando uma única organização, mais poderosa e de âmbito quase nacional.
Assim é que, em junho e em julho, em duas casas do litoral paulista, respectivamente, em Peruíbe e em Mongaguá, os dois comandos nacionais realizaram a denominada Conferência de Fusão, em cujo Informe, datado de 07 de julho, já aparecia o nome da nova organização, a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-P), que iria, também, ganhar a adesão de militantes da Dissidência do Partido Comunista Brasileiro de São Paulo (DI/SP).
Foi eleito o seguinte Comando Nacional (CN), três oriundos de cada organização: Carlos Lamarca, Antônio Roberto Espinosa e Cláudio de Souza Ribeiro, da VPR, e Juarez Guimarães de Brito, sua esposa Maria do Carmo Brito e Carlos Franklin Paixão Araújo, do COLINA.
Apesar da fusão ter sido concretizada, as discussões da conferência não foram tranqüilas, transcorrendo num clima tenso e, por vezes, tumultuado. Os "massistas" oriundos do COLINA, melhor preparados politicamente, criticavam os "militaristas" da VPR, pelo "imediatismo revolucionário" que defendiam. Ao mesmo tempo, entrando com 55 milhões de cruzeiros e um grande arsenal de armas, munições e explosivos, os oriundos da VPR sentiam-se moralmente fortalecidos, em face do nenhum dinheiro e das duas metralhadoras Thompson e quatro pistolas trazidas pelo COLINA.
Entretanto, tudo foi esquecido quando Juarez Guimarães de Brito apresentou o seu trunfo, o planejamento da " ação grande", que poderia dar, à nova VAR-P, sua independência financeira.
2. A "AÇÃO GRANDE"
Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho", era um secundarista da então Guanabara que havia participado das agitações estudantis de 1968 e, através de militantes do diminuto Núcleo Marxista Leninista (NML), havia-se ligado ao COLINA. De família rica, morava no bairro de Santa Tereza, próximo à casa de seu tio, o médico Aarão Burlamaqui, que a havia cedido para ser a residência de sua irmã - tia do "Bicho", Anna Gimel Benchimol Capriglione, tida como sendo a "amante do Adhemar", ex-Governador de São Paulo. Ao ouvir que no cofre do casarão de sua tia, que morava na Rua Bernardino dos Santos, havia milhões de dólares,levou esse dado à organização.
No início de maio de 1969, "Bicho" recebeu de Juarez Guimarães de Brito a incumbência de realizar levantamentos mais acurados, com croquis e tudo, para um futuro assalto. Descobriu, então, que não havia só um, mas dois cofres, o segundo num escritório em Copacabana. Descobriu, também, que neles deveria haver de 2 a 4 milhões de dólares, além de documentos que poderiam incriminar, por corrupção, o ex-Governador Adhemar de Barros.
Juarez vislumbrou a " ação grande": num assalto simultâneo, arrecadaria recursos financeiros nunca antes conseguidos por uma organização e, com os documentos, poderiadesmoralizar um dos articuladores da Revolução de 1964.
Necessitando de mais dinheiro para o roubo dos cofres, Juarez decidiu executar o que denominou de "ação retificadora", chefiando, em 11 de julho, o assalto à agência Muda do Banco Aliança, com os seguintes sete militantes da VAR-P: Darcy Rodrigues, Chael Charles Schreier, Adilson Ferreira da Silva, Fernando Borges de Paula Ferreira, Flavio Roberto de Souza, Reinaldo José de Melo e Sonia Eliane Lafoz. O assalto não proporcionou o resultado esperado: além de só terem conseguido 17 milhões de cruzeiros, foram perseguidos pela polícia, quando Darcy Rodrigues assassinou o motorista de táxi Cidelino Palmeira do Nascimento, causando "reflexos políticos negativos" para a nascente organização.
Por outro lado, o assalto ao cofre de Copacabana necessitava um tempo maior de planejamento, o que a "revolução" não poderia conceder. Decidiu, então, roubar o de Santa Tereza.
Na tarde de 18 de julho de 1969, os seguintes treze militantes da VAR-P, comandados por Juarez Guimarães de Brito ("Juvenal", "Júlio"), invadiram o casarão de Anna Capriglione, disfarçados de policiais à cata de "documentos subversivos": Wellington Moreira Diniz ("Lira", "Justino", "Mario", "Lampião", "Virgulino"), José Araújo de Nóbrega ("Alberto", "Monteiro", "Zé", "Pepino"), Jesus Paredes Sotto ("Mário", "Reis", "Lu", "Roque", "Tião", "Elmo"), João Marques de Aguiar ("Braga", "Jeremias", "Topo Gigio"), João Domingos da Silva ("Elias", "Ernesto"), Flávio Roberto de Souza ("Marques", "Mário", "Juarez", "Ernesto", "Gustavo"), Carlos Minc Baumfeld ("Orlando", "José", "Jair"), Darcy Rodrigues ("Sílvio", "Léo", "Batista", "Souza"), Sônia Eliane Lafoz ("Bonnie", "Mariana", "Clarice", "Paula", "Rita", "Olga"), Reinaldo José de Melo ("Rafael", "Maurício", "Otávio", "Douglas"), Paulo Cesar de Azevedo Ribeiro ("Ronaldo", "Hilton", "Comprido", "Glauco", "Ivo", "José", "Luiz", "Osvaldo", "Pedro", "Rui") e Tânia Manganelli ("Simone", "Glória", "Marcia", "Patrícia", "Sandra", "Vera").
Após confinarem os presentes a uma dependência do térreo da casa, um grupo subiu ao 2º andar e levou, através de cordas lançadas pela janela, o cofre de 200 Kg, colocado numa Rural Willys. Em menos de 30 minutos, consumava-se o maior assalto da subversão no Brasil.
Levado para um "aparelho" localizado próximo ao Largo da Taquara, em Jacarepaguá, o cofre foi arrombado com maçarico e com o cuidado de, antes, ser enchido de água através da fechadura, para evitar que o dinheiro se queimasse. Aberto, "os militantes puderam ver, maravilhados, milhares de cédulas verdes boiando". Penduraram as notas em fios de nylon estendidos por toda a casa e secaram-nas com ventiladores. Ao final, 2.800.064,00 dólares atestavam o sucesso da " ação grande".
Entretanto, entre os documentos encontrados só havia cartas e papéis pessoais, nada que pudesse incriminar Adhemar de Barros, além das inevitáveis especulações sobre as origens da fabulosa quantidade de dólares.
3. O DESTINO DO BUTIM
O destino dado ao dinheiro nunca foi devidamente esclarecido, perdido nos obscuros meandros da cobiça humana sobrepondo-se à ideologia.
Juarez e Wellington Moreira Diniz deixaram todo o dinheiro no "aparelho" da Rua Oricá, 768, em Braz de Pina, sob a guarda de Luiz Carlos Rezende Rodrigues ("Chico", "Negão") e Edson Lourival Reis Menezes ("Miranda", "Sérgio", "Wander", "Emílio", "Gilson"). Dias depois, Juarez foi buscar o dinheiro e determinou que essas duas "testemunhas" viajassem para a Argélia: Luiz Carlos embarcou em 12 de agosto, a fim de comprar armas, e Edson, via Argélia, foi fazer um curso de guerrilha em Cuba. Cinco meses depois, já no início de 1970, de volta ao Brasil, Luiz Carlos pediu para o militante Jorge Frederico Stein levar a quantia de 220 milhões de cruzeiros do Rio Grande do Sul para a Guanabara, em duas viagens.
Cerca de 300 mil dólares foram colocados em circulação e sabe-se que muitos militantes receberam, cada um, 800 dólares para emergências e que os dirigentes passaram a viver sem dificuldades financeiras. Inês Etienne Romeu ("Alda", "Isabel", "Leda", "Nadia", "Olga", "Tania") recebeu 300 mil. Cerca de 1,2 milhão foi distribuído pelas regionais, para a aquisição de armas, "aparelhos" e carros, além da implementação das possíveis áreas de treinamento de guerrilhas. No final de setembro, Maria do Carmo Brito ("Lia", "Madalena", "Madá", "Sara") entregou ao Embaixador da Argélia no Brasil, Hafif Keramane, a quantia de 1 milhão de dólares. Em contas secretas da Suíça - depois transferidas para a França, foram depositados 250 mil dólares, dos quais 120 mil foram divididos, em 1974, pelos grupos remanescentes da VAR-P e 130 mil foram abocanhados por Lalemant, um francês intelectual de esquerda, editor e dono da livraria Marterout, em Paris.
Quanto ao Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho", seu destino foi mais claro, se não trágico, do que o dos dólares que ajudou a roubar. Logo após o assalto, passou para a clandestinidade, escondendo-se com Herbert Eustáquio de Carvalho, o "Daniel". Depois, fugiu para o Rio Grande do Sul, onde usou os codinomes de "Luiz" e "Flávio". Preso no final de março de 1970, foi banido para o Chile em 13 de janeiro de 1971, em troca da vida do embaixador suíço. Depois de passar longos anos de dificuldades financeiras na França, retornou ao Brasil com a anistia, em novembro de 1979. Movido por "conflitos existenciais", suicidou-se em 22 de setembro de 1985, atirando-se de um edifício em Copacabana.
Com dólares, armas e militantes preparados, a VAR-P nascia grande e prometia tornar-se a maior das organizações subversivas brasileiras. Os conflitos ideológicos entre seus integrantes, originados de uma fusão que nunca desceu da cúpula dirigente às bases, acabariam por dividi-la e enfraquecê-la, facilitando a sua posterior destruição.

F. Dumont